Maio! Mãe! Maria! | Poema do Padre Valdemar Pereira dos Santos
Imagem: Divulgação |
Maio inspira, sob a mediação de Maria, Mãe de Deus e nossa, a suavidade sincera e filial da nossa fé. É na ternura dessa inspiração que escrevo em rimas e versos essas humildes recordações que transbordam do âmago do ser e já não tenho como represá-las:
MAIO DA MINHA INFÂNCIA
Saudades, quantas saudades A minha mãe entoava: Recordo tio Zé Batista,
Do santo mês de Maria, “A nós descei divina luz” Homem justo e fiel,
Lá no meu sertão saudoso... E meu pai continuava: Que rezava do alpendre
Oh! que grande nostalgia. “Pelo sinal da santa cruz...” Com Zé Bezerra e Miguel.
Lembro-me, era pequeno, Para louvar a Maria Aqueles momentos fortes
No final de cada dia Tud’ era bem caprichado, Da família em oração,
A gente se preparava, Até mesmo no latim Para mim foram suportes
Na mais suave alegria. A gente era treinado. Para a minha vocação!
Colhia flores campestres Recordo das ladainhas, Terminado o mês de maio,
Do mofumbo e marmeleiro, Num “latinorum” cantadas, Um costume respeitado:
Da bonina tão singela Com aquele “ora pro nóbis”, O monte de flores secas
Cultivada no terreiro. Com vozes desafinadas. No terreiro era queimado.
E sobre a mesa do altar, Lembro bem da Expedida Quando a fumaça subia,
Mamãe arrumava as flores Com seu livrinho na mão, Tinha gente que chorava...
Naqueles jarros antigos Usando a saia de chita Em coro todos diziam:
Bordados em multicores. E lendo a meditação. Mãe do céu, obrigado!
As velas eram acesas, Bastiana e Madalena
Em vez do candeeiro. Bem afinadas no canto,
Num bonito castiçal Lideravam o coral
Comprado em Juazeiro. Naquele recinto santo!
Pe. Valdemar Pereira dos Santos.sdb
Salvador-BA, 18 / 05 / 2018
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