Mundo Salesiano: O sofrimento da Síria

No dia 15 de março a guerra síria completou o marco sombrio de cinco anos. O conflito da Síria já gerou 4,8 milhões de refugiados nos países vizinhos, centenas de milhares na Europa, e 6,6 milhões de pessoas deslocadas dentro da Síria, comparado a população antes da guerra que era de mais de 20 milhões. Enquanto isto, a solidariedade internacional falha para responder e refletir a escala e gravidade desta tragédia humanitária de tantas vítimas.

A situação segue alarmante. Estados europeus que já acolheram sírios estão agora fechando as portas diante ao crescente número de refugiados que buscam segurança no continente. Vários países impuseram restrições de entrada e de fronteira, levando a um acúmulo de dezenas de milhares de refugiados na Grécia.

Neste contexto, a União Europeia acertou na última sexta-feira, dia 18 de março, um acordo com a Turquia, que permite devolver à Turquia todos os imigrantes  – inclusive os refugiados – que chegarem às ilhas gregas a partir de domingo. Se apoiado na “ lógica de que os sírios podem solicitar asilo na Turquia”.
Neste contexto, o jovem salesiano sírio Mhran Charkajian ofereceu um testemunho a Agência de Notícias Salesianas (InfoANS), sobre esta situação. Leia abaixo:
Milhares de mortos, refugiados jogados pelas ruas, cidades desoladas, uma cultura de 1000 anos antes de Cristo destruída ou levada embora, sítios arqueológicos perdidos como em Aleppo e Palmira. Falta tudo o que é necessário para uma vida normal: alimento, água, aquecimento, eletricidade, segurança, redes de comunicação. O povo sofre, todas as famílias têm relato de perda de alguma pessoa querida por causa da guerra.
O terrorismo, um dos grandes males do mundo, atingiu e destruiu o país. E o conflito entre as diversas facções causa ainda mais derramamento de sangue.
Muitos jovens perderam toda perspectiva de futuro e fogem em busca de uma nova vida em segurança! Embarcam pelos caminhos do mar, muitas vezes caminhos de morte. O seu único modo de chegar à Europa. Milhares de jovens laureados, famílias inteiras, depois de vender casas e pertences para pagar a viagem, deixaram a Síria para ir à Europa. Para trabalhar, estudar, viver uma vida com dignidade.
Os terroristas agem ao máximo para fazer sofrer um povo inocente. Vieram do exterior, da Arábia Saudita, Turquia, Norte da África... Matar, bombardear, é como um jogo para eles. Sobretudo, em Aleppo, Homs, Raqqa...
Em 14 de fevereiro de 2016, em Aleppo, os terroristas bombardearam uma zona civil, onde a maioria da população é cristã. Muitas pessoas morreram, edifícios inteiros desabaram deixando as pessoas sob os escombros. Entre as vítimas, um jovem responsável escoteiro católico, cujos tios são salesianos cooperadores, e um garoto de 13 anos que eu conhecia bem. E muitos outros que eu não conhecia!
Antes deles, dois animadores salesianos, Anwar e Misho, com Minerva, a sua mãe. Um míssil atingiu o prédio onde viviam causando dezenas de vítimas. Dois anos atrás, morreu também um aluno da escola, Jacques: esperava o ônibus do oratório para ir ao catecismo, quando uma bomba caiu próxima à parada. E com ele, outros jovens.
Na cidade em que vivo, Qamishli, no Nordeste, próxima ao limite com a Turquia, em 23 de dezembro de 2015, explodiram uma bomba em um restaurante de um bairro cristão, contabilizando. 15 mortos, entre os quais sete jovens de 30 anos da minha paróquia, que deixaram órfãos e viúvas.

E o que as pessoas podem fazer? Fogem, são obrigados a fugir.

Da redação NH
com informações: ANS e ACNUR

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