Missão Salesiana: Atuação na Síria

Próximo dia 18 de outubro é o dia Mundial das Missões. Dentre as noticias mundiais salesianas, destacamos aqui aquelas que se referem à Síria, trazendo talvez novas reflexões e mostrando a atuação missionária do carisma salesiana neste país em conflito.


Alejandro León, missionário SDB: ‘Tenho um passaporte e a possibilidade de escolher, mas não deixo a Síria porque é a minha família’
Fotos do artigo -ESPANHA – P. ALEJANDRO LEÓN, MISSIONÁRIO SDB: ‘TENHO UM PASSAPORTE E A POSSIBILIDADE DE ESCOLHER, MAS NÃO DEIXO A SÍRIA PORQUE É A MINHA FAMÍLIA’
(ANS – Madri) – “Os números podem falar e não falar. Hoje fala-se de 250.000 os mortos no conflito na Síria. Parecem-nos um horror, uma enormidade. Mas se disséssemos que foram apenas 25.000 os mortos, esta cifra ainda nos escandalizaria?”. Assim se apresentou ontem, quinta-feira, 15 de outubro, o P. Alejandro León, missionário salesiano na Síria, a uma vintena de Meios espanhóis, na sede de “Misiones Salesianas”, em Madri. E para ilustrar o que significa cada morto no conflito e como a morte física signifique muitas outras mortes, contou a história de um animador do oratório salesiano.
 “Um dos nossos jovens, pelos 24 anos, tinha apenas completado os 5 anos de Láurea em Jurisprudência; tinha sido aceito para preparar-se e tornar-se juiz; ia se casar dentro de uma semana quando um das centenas de mísseis que caem todos os dias sobre Damasco o matou. Sim, ele morreu. Mas podem imaginar o que significou para os Pais a morte do único filho? O que significou para a sua noiva, para os seus amigos, entre os quais estou eu, e para os adolescentes que ele acompanhava no centro salesiano? Eu bem o conhecia: era um exemplo para eles, tinha realizado o seu sonho e se lhe abriam as portas de um futuro melhor. Agora esses meninos me perguntam para que serve estudar se... se esse foi o fim do seu animador e sobretudo se este será seguramente o fim desses mesmos rapazes...
Se alguém deseja obter as cifras reais desse conflito, tomem esse caso e o multipliquem por 250. 000”.
Foi o que disse esse missionário venezuelano, de 36 anos, em Damasco desde 2010, onde cumpriu a sua missão guiando o Centro Juvenil ao lado das crianças e dos jovens que sofrem as consequências da guerra. Agora, como Ecônomo da Inspetoria do Oriente Médio (MOR), comenta: “Os pais devem escolher entre mandar os filhos à escola, pondo em risco a sua vida, e não deixá-los sair de casa, e colocar em risco o seu futuro”.
A guerra na Síria dura há mais de quatro anos, uma guerra vendida de diversos modos. O P. Leão mostra a sua desilusão ao ouvir falar de guerra... civil: “De um lado estão combatendo pessoas de mais de 80 países. Em nenhum dicionário esta jamais se considerou uma guerra civil: a Síria é um tabuleiro de xadrez: os Sírios são os peões a matar-se entre si. Hoje, quatro anos depois, todos os Sírios têm um morto por chorar, um morto por vingar...Talvez hoje, sim, possamos falar de um conflito entre sírios, mas... foram os quatro anos de guerra a provocá-lo!”.
A cobertura dos Meios europeus sobre a guerra na Síria viveu fases diferentes. A chegada dos refugiados na Europa parece tenha atraído a atenção sobre esse conflito que aflige o Oriente Médio; todavia o P. Leão ajuda a contextualizar tal realidade: “Os adultos não querem deixar o país e se o fazem é pelos filhos. Ou talvez alguém ousaria pensar que uma pessoa com carreira universitária digna, quereria deixar o seu país para chegar num outro e ali tornar-se um... analfabeto?”.
E, convencido da sua missão, o salesiano afirma: “Não deixarei a Síria, porque é a minha família e ninguém deixa a sua família em meio à guerra".
Ulteriores informações e cifras sobre a situação na Síria estão disponíveis no sítio de Misiones Salesianas.


Movimento Juvenil Salesiano realiza grande encontro na Síria: como viver o carisma salesiano em tempo de guerra?
Fotos do artigo -SÍRIA – CONFRONTO MJS: COMO VIVER O CARISMA SALESIANO EM TEMPO DE GUERRA?
(ANS – Kafroun) – De 26 de setembro a 1° de outubro realizou-se o "Confronto do Movimento Juvenil Salesiano" (MJS), da Síria, em Kafroun Participou uma centena de jovens provenientes dos três oratórios salesianos da Síria (Alepo,Damasco e Kafroun) e quatro oratorianos de Kamishly, cidade situada no norte do País, onde os Salesianos contavam com um florescente oratório.
Depois de 13 anos, os Salesianos tornaram a convocar os jovens sírios a viver mais uma experiência de autêntica fraternidade, em clima de família, num oásis de serenidade e paz, há muito esperada.Vista a situação de guerra,o encontro foi vivido com maior participação por parte de todos e acolhido como uma verdadeira graça de Deus. Os jovens sentiram a presença de Dom Bosco e se sentiram estimulados a retomar com coragem a própria caminhada, em fidelidade a Dom Bosco e em comunhão com o Senhor da História.
O tema foi o mesmo do ‘SYM DON BOSCO 2015’ vivido em Turim: ‘COMO Dom Bosco, COM os JovensPARA os Jovens’. Nos cinco dias de Confronto, essas três preposições ressoaram com frequência, evocando a figura de Dom Bosco, Pai e Mestre dos Jovens.
O dia abria-se com a oração e a Eucaristia. O restante da manhã se reservava aos encontros e à reflexão sobre a espiritualidade salesiana: Como viver e fazer próprio o carisma salesiano de serenidade e de alegria em situação de guerra? Como transmitir os traços característicos da bondade salesiana ('amorevolezza') e do perdão evangélico a quem vive em clima de guerra ou em situações de refúgio e de luto?
De tarde,deixava-se espaço para momentos de espairecimento,recreação e distensão,para algum passeio ou também uma longa caminhada em oração pela paz na Síria e no Oriente Médio.Particularmente animada era a noite,que sempre se concluía com a oração.
Os Salesianos e os jovens da Síria disseram também um grande OBRIGADO ao Reitor-Mor, P. Ángel Fernández Artime. Apesar da longa viagem à Índia e à míngua de tempo, o Reitor-Mor quis mandar uma videomensagem a esses jovens empenhados em seu Confronto. A saudação foi muito apreciada por todos, pelo afeto demonstrado pelo X Sucessor de Dom Bosco para com os jovens sírios, os quais acolheram de coração as três palavras chaves por ele indicadas, das quais sentem outrossim a maior necessidade: Alegria e Esperança.
Na hora de voltar para casa, os jovens estavam comovidos: alguns tinham os olhos cheios de lágrimas, para outros foi difícil a separação.
Em cerca de 60 anos de presença salesiana no País, os Salesianos abriram três oratórios, dos quais saíram numerosas vocações, e agora continuam a mantê-los em atividade com certa regularidade, condicionados pela prudência e pela constante atenção à situação de guerra.

Publicado em 5/10/2015

Fonte: www.infoans.org

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